Sobre o amor...

Eu, que a amo tanto,

deveria ser capaz

de ser bem mais

que o ser que te ama, apenas.

Logo agora, que aprendi a

não ter saudade do tempo

em que eu não te amava.

De quando não sabia

que o amor fazia pulsar

o corpo e a alma da gente.

De quando não sabia

que a noite podia

ser mais que solidão.

De quando eu fingia

que era feliz; e que um

beijo era um beijo e não

um turbilhão de emoção!

Agora eu sei que um

riso de quem amamos,

belo e despretensioso,

acende uma manhã inteira,

além de ser capaz de me

cobrir de contentamentos.

Sei, também, que o amor

é próprio de nos fazer

ver as coisas enviesadas,

como se fossem nossas

coisas que não são de todo;

como um beijo roubado

numa fria manhã de maio,

pode valer mais que uma vida.

Ou como ser de novo um

menino sem se remoçar

de fato, como ter esta

visão oblíqua e poética

nesta vida, ainda, tão patética!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 27/07/2015
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