UM DIA SONHEI
Sonhei que era jovem,
impetuoso, pés descalços,
sem medos,
e na minha exaustão,
jogava meu corpo suado,
na cachoeira logo adiante,
que acalmava meus instintos.
Penetrava nas trilhas das matas,
escutando o cantar dos passarinhos,
e extasiado, contemplava o voar das borboletas,
coloridas, silenciosas,
que em bandos iam sugar o néctar das flores,
onde extraiam o pólen para perpetuarem as espécies.
Sonhava também com uma linda jovem,
corpo esbelto, lábios de mel,
sorriso que me fascinava,
e para meu deleite,
dirigia para mim olhares tão meigos,
que em êxtase correspondia,
tantas eram as doçuras nele contidos.
Acordava sobressaltado,
pois não via formas, rosto, tudo se esvaiu,
e daquele sonho que tirava meus suspiros,
vieram as lembranças tão doces,
daquela criatura que um dia estreitamos laços,
pelas juras de amor trocados,
que foram duradouros,
pétalas de rosas perfumadas,
e hoje só restam lembranças, doces, meigos,
pois partiu deixando meu coração em prantos.