CONFISSÃO

[E chegar, é também morrer...]

Nas voltas do Tempo

deslizei meus medos

tantos medos

tantas curvas

solitárias curvas...

E até desejo enfim

a grande Reta rumo ao Nada

pelo menos agora

pelo menos neste instante

entrecortada

delirante

cabelos ao vento e de novo

passos apressados

ao ponto de partida.

[Por breves instantes

sorri à vida!]

Você adivinhou a flor

exposta além das grades

que se foi ao meu descuido.

[e estavas tão longe...]

Primavera silenciosa

flores mortas

perguntas sem respostas

sempre perguntas

que morrem na garganta!

Chegar é também partir

e o medo paralisa os gestos.

Mas amar é dizer sim!

Temos duas mãos

para que uma desfaça

o que a outra construiu?

Quero a tua mão na minha

e tão presa,

e tão minha,

que,

sob esta infinita ternura

que te guardo,

acolhida, amparada,

finalmente se torne

liberta!

E meus olhos vêem sempre

na mesma direção!

E as lágrimas

descrevem caminhos

de mágoas retirantes...

Meus passos apressados

voltam ao ponto de partida e

ainda assim

e sempre,

olhos esperançosos

vislumbrando lonjuras...

Nenhum caminho existe

sem ti!