A chuva

Olho pela janela

Há uma lua banhando-se lá fora

eu ouço o barulho da chuva no telhado

Eu sinto o cheiro da terra que se molha

Vejo o bailar das flores no jardim

E o desertar das ruas

Sinto dentro de mim

a mesma chuva que chove lá fora

Eu ouço a voz rouca

de alguém cantando

e tocando piano

Eu vejo seus olhos negros penetrarem

o vazio que circunda

Vejo seus olhos invadirem o azul dos olhos dele

E chegarem perfeitos rumo aos meus

Eu ouço o barulho

barulho das pálpebras se fechando

e colidindo

e isso só eu ouço

Abro meus olhos

Sinto chuva em meu rosto

Molhado por uma água salgada

há um mar dentro dos meus olhos

A cidade do meu olhar se inundou

E as águas a mais

partem para fora

Sinto, simplesmente sinto

Que não há chuva lá fora

Abro meus olhos

estava divagando

estou possuída por um amor tempestuoso

Sinto chover em mim

Como se chovesse lá fora

Fecho meus olhos

há uma chuva chovendo dentro de mim

Abro meus olhos

e há chuva chovendo lá fora

Tudo está tempestuoso

E a chuva chove

e molha tudo

vai-se embora

resta-me apenas a chuva

chuva que produz maresia

maresia calma

das águas do mar salgado

de lágrimas adocicadas que escorrem dos meus olhos

Andrea A Gonçalves
Enviado por Andrea A Gonçalves em 17/07/2015
Código do texto: T5314356
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.