PALAVRAS TROCADAS
Ainda sinto o gosto do teu veneno.
As tuas mãos postas e dispostas ao bote.
Todas as mentiras que dissestes
Atravessadas feito cruz na minha garganta.
Ainda vejo teus olhos à espreita
E tua boca colada nos lábios que desconheço
Todos os sentimentos que inventastes
Lançados como navalhas a lacerar-me a face.
Ainda percorro as ruas com medo
Querendo crer na tua ausência definitiva
Atropelada por fantasmas de um passado
Que pouco ou nada me acresceu à vida.
E ainda quando posto as mãos na pele envenenada
Vestida pelas mentiras que atravessam o dia
Desconheço os lábios que me beijam a face
Pois tenho o sentimento lacerado por navalhas
As mesmas que lançastes sem medo
Tornando o amor um ausente definitivo
Numa vida de passado com olhos atentos
A devorar a crença inventada em torno do nada
Que por pouco se mantém com vida.