Como falar de amor
Queria poder falar de amor
sem que o povo lembrasse
de toda aquela melosidade
e sentimentalismo barato.
Queria falar daquela alma,
que atrás de um terreno baldio
se droga, se despe e ama.
Quem dera o termo amor
não fosse tão socialmente idiota,
para poder me referir às fodas
e às onze horas de bares fechados.
Pudesse eu conseguir falar que amo
e abolir todo o mel, todo açúcar
e alavancar toda a carne, toda a rua escura
e todos os cantos que couber viver.
Quem sabe um dia, falar de amor,
não me envergonhe.
(brisaismo.org)