SOU POUQUINHO
Decidi não ser, na sua vida, esse pouquinho que sou.
Entendo agora que o pouco não a seduz.
Você nasceu para New York,
Eu, para Goiás.
Me encantam as casinhas velhas e gêmeas,
As ruas irregulares de pedra
E as calçadas vazias.
A luz fraca e amarela dos lampiões me basta,
Já que ando pouco
E o pouco que ando,
Ando devagar.
Querida, minha natureza é ser minúsculo,
E, de tão pequeno, não sou suficiente
Para ocupar seu enorme espaço.
Vou ser na vida de outra
Aquela veste de Chanel nº 5,
Um grama de ouro no pescoço,
Uma pitada precisa de sal,
A gota d’água.