Fogo
Foi seu olhar de labareda
Que no meu gerou faísca
E o fogo se espalhou
Crepitando o mato alto
Do meu coração tão fértil
Vontades deixavam os ninhos
Desejos saiam das tocas
E em louca disparada
Manadas de paixões intensas
Fugiam cegas das chamas
Indiferente à balbúrdia
O incêndio consumia
Tudo que não era seu
E o meu coração em brasa
Vazio já de distrações
Palpitava mansamente
Protegido em suas mãos
Quando o ardor se extinguiu
Só seu amor restava ali
Nada mais em mim lutava
Nenhuma dor sequer havia
E deu-se, então, em mim, um branco
O branco puro da paz
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Deu um Branco
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