DIQUE

Quando eu pensar em ti

E minha boca se esgotar em saudades,

(Tu sempre saberás com uma eternidade de antecedência

quando minha boca estiver se rompendo de saudades)

Venha!

Venha e venha logo, mulher!

Tu não sabes o quanto sofro nessas horas,

De mais sincera angústia,

Com tua ausência inexplicavelmente infinita,

Infinitamente inexplicável.

Há uma dor que vem de dentro de meus vulcões,

Corrói toda sanidade que trago nos olhos

E jorra boca afora como se fossem serpentes

Se misturando às minhas multiplicadas línguas,

Línguas na saudade estupidamente esculpidas.

São beijos quentes e não dados

Que o tempo acumulou nos bueiros que me habitam

E meu corpo não suportou conter dentro de si,

Brasas que são à busca do oxigênio de seu hálito.

Quando eu pensar em ti, pois,

E minha boca se esgotar em saudades,

Venha e venha logo, mulher,

Com a boca dilatada e afogada em generosidades,

Porque só tu podes hospedar

Os beijos que eu nunca quis que fossem de mais ninguém.