Em teus braços
Braços
Em meu escritório
a minha poltrona me recebe.
Cansaço...
Sufoco...
Regaço...
No ar, parado, o nada.
No mundo, imundo, solidão
em mim...
Turbilhão.
No nada, a procura.
Na solidão, eu.
No turbilhão, um pedacinho do céu.
Atração.
Fuga.
Os seus braços me convidam,
neles me entrelaço.
Seu peito me aquece,
seu regaço me acolhe.
Conforto.
Divagar...
Quimeras...
De um pracinha,
tudo em inha,
flores,
árvores,
alamedas,
ela,
também em inha.
Céu,
sol,
lua,
nuvem que flutua.
Meiguice de menina,
calor de mulher.
Sonho vivo.
Em seus braços adormeço,
sentindo o abraço que
não é dela.
E dela vem o calor.
DE seus lábios carnudos, mornos,
a tocar-me o peito, pêlos,
umedecidos pela sua boca.
De sua pele macia, rosa amarela,
a roçar-me o corpo, fogo,
aceso por sua chama.
De sua alma de mulher, céu,
a confortar-me o eu, dor,
carente de carinhos.
Ruído realidade.
De seus braços me levanto,
ajeito sua almofada.
Um café, serviço.
Na mesa decisões diárias,
afago seus braços.
Carlos Gritti