Ode à mulher
Suponha todas as alegrias, todas as consolações que os devaneios celestiais e a crença viva na felicidade sem limites, medos ou arrependimentos podem gerar... dê às paixões, aos insanos arroubos, todo o ardor que puderes, aos gozos mil vezes mais intensidade, aos sentidos a energia e sensibilidade inexcedíveis...
Converta o mundo em um oásis, em que pesem as dificuldades existenciais, com a realização dos anseios e mais loucos sonhos obsessivos... mas se desse paraíso imaginado não fizeres constar a sublime tenuidade, doce e acrisolada presença da mulher...
Perceberás que esse mundo idealizado será vil, um ermo melancólico, insulso, trivial, sem cor... choro plangente, convulso, inconsolável pranto mudo onde os deleites serão apenas o prelúdio do abandono, desalento mórbido, tédio crescente, nefasto e do sofrido desamor.