Em meu ser

Em meu ser prevalece o gigantismo de um vazio ainda não preenchido, um eco sem saída com retorno incerto, tétrico; uma ilusão contemplada com solidão nefasta.

Há em meu ser um rio de lágrimas para ser enxugado com beijos lascivos; de minha boca emerge um gemido para ser ouvido, o qual ribomba como um alerta de moribundo em suplício e agonia.

Existe em meu ser uma ânsia que precisa ser abafada, sinto no desejo quase esquecido, uma paixão não saciada, um ritual de amor a ser vivenciado, assim como em meus sonhos coloridos.

Viceja em meu ser a loucura febril adormecida, pensamentos tão desconexos que não ouso externá-los, paixão tal qual explosão de temperamento imensurável, energia motriz dos instintos de vida, que me transforma na mente dos sensatos que me lêem, de recatado em tarado, vil, impudico e temeroso bandido.

Minha débil força vem dessa obsedante ternura e sinceridade, desse desejo violento e místico de pintar o sol que ela representa com as cores vivas e fortes percebidas em minha insanidade, sentindo no coração uma inquietação vaga, primaveril, serena como noite de lua cheia após triste e caliginoso dia.