Amo-te assim...
Sei que tenho um jeito, sem jeito, diferente,
de amar. Todavia, sou autêntico! Flagelo,
machuco, causo dor, faço chorar.
Amo-te assim... como o cair da chuva benfazeja, o esplendor do sol nascente, o luzir da lua matreira, o saracotear da passarinhada, o melro, a saltitar nos ramos dos pomares, o desabrochar da flor, o viço da videira; eu te chamo menina, menina-moça, mas com adoração algemo-te, amordaço-te e amo a mulher franca, mulher querida e faceira.
Amo-te assim... como o soprar da brisa digladiando-se com o bramir do mar, o sorrir da criança nutrida e o choro da faminta, o luzir das estrelas iluminando meus passos difíceis. Em tua busca eu te chamo santa... menina santa... aonde andas? Onde estás? Vem! Sem vacilo, eu te sodomizo, eu te quero amar mulher.
Amo-te assim... como o murmúrio do riacho, na tentativa inútil de vencer o deslizar da cachoeira imponente por entre pedras, galhos, ramos e flores. Rude ou bruto eu te quero minha, eu te amo santa menina, eu te amo mulher.
Escrevo difícil, olho sem ver, vejo sem olhar, falo sem pensar, bato sem sentir, gozo e faço gozar. Amo-te assim... mulher! Entendo-me pródigo, cínico, analista... penso ser um semideus. Ocorre, no entanto, que o meu verdadeiro desejo e sonho maior é no fim escravizar-te no meu altar.