ALÉM DA JANELA
Além da janela, onde pousei meu beijo
Com gosto de cereja, hibernavam sombras
Solitárias que roubaram os desejos
De nos verem acordados em assombros.
Assim tropecei no vazio e respirei
O vento frio que cantava o inverno
No meu corpo e nas mãos que desbotei
Em versos, sem saber do teu rosto terno.
Hoje minha voz ronda teu travesseiro
Delineia teu peito posto em desafio
Preenche tuas marcas de companheiro
E abraça teu corpo sem medo do vazio.