naquela tarde em que não roubei um beijo teu
quando partes de mim se unem sempre numa lembrança
nos olhos, a tua imagem se forma em vida abraçada
e no silêncio, me caem as palavras desnudas,
despetala-se o beijo entre o mudo e o nada
quando partes de mim estão para sempre em saudade
o verbo invertido, ressoa em cada eco a sílaba acovardada
e na tua ausência, que me queimo em não velar-te à verdade
inflamam-se, aos desejos, na tua chama nunca apagada
sempre ando em partes de mim e lamento num sonho
a reanimação tropeçante de uma noite em casmurros
e na poesia, que os versos soltam as feras do meu peito
sucumbem-se nas ilógicas razões d'um reles pensamento
quando partes de mim, sempre, queixam na solidão
a guisa leve, no abrasar do meu corpo tedioso
e a lágrima, que molha a face em prece e malva
desdenham-se tons fadados sem qualquer compaixão
mas naquela tarde, quimera e ansiosamente,
em que roubasse um beijo teu
não queixasse à saudade
tampouco te procurasse num sonho
engaste inteira, diamantino, na retidão arrependida dos olhos
no único instante de ser,
naquela tarde em que não roubei um beijo teu,
roubasse um beijo de amor por inteiro
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https://youtu.be/ScrQBVTfP7o
Sergio Cammariere - Estate (+lyrics)
SERGIO CAMMARIERE
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