naquela tarde em que não roubei um beijo teu

quando partes de mim se unem sempre numa lembrança

nos olhos, a tua imagem se forma em vida abraçada

e no silêncio, me caem as palavras desnudas,

despetala-se o beijo entre o mudo e o nada

quando partes de mim estão para sempre em saudade

o verbo invertido, ressoa em cada eco a sílaba acovardada

e na tua ausência, que me queimo em não velar-te à verdade

inflamam-se, aos desejos, na tua chama nunca apagada

sempre ando em partes de mim e lamento num sonho

a reanimação tropeçante de uma noite em casmurros

e na poesia, que os versos soltam as feras do meu peito

sucumbem-se nas ilógicas razões d'um reles pensamento

quando partes de mim, sempre, queixam na solidão

a guisa leve, no abrasar do meu corpo tedioso

e a lágrima, que molha a face em prece e malva

desdenham-se tons fadados sem qualquer compaixão

mas naquela tarde, quimera e ansiosamente,

em que roubasse um beijo teu

não queixasse à saudade

tampouco te procurasse num sonho

engaste inteira, diamantino, na retidão arrependida dos olhos

no único instante de ser,

naquela tarde em que não roubei um beijo teu,

roubasse um beijo de amor por inteiro

~.~.~

https://youtu.be/ScrQBVTfP7o

Sergio Cammariere - Estate (+lyrics)

SERGIO CAMMARIERE

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neanther thals
Enviado por neanther thals em 03/07/2015
Reeditado em 03/03/2018
Código do texto: T5298434
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