Procura
 
Olho à minha volta, não a vejo,
Sigo obstinado um cortejo,
Onde ela estará nesse momento?
Alucinado, vasculho o pensamento,
Procuro, nervoso, sem resultado,
Sentindo-me cada vez mais estressado.
 
Olho a rua, a noite escura,
Lá de cima avalio a altura,
E me vem um pensamento tentador:
Se me jogar daqui, tudo se acaba,
Nesse momento, a luz se apaga,
E acaba também a minha dor...
 
 Percebo, lá do alto, a viela,
 Que serpenteia na subida da favela,
 Que há muito tempo, olhava e não via;
 Imagino como vive aquela gente,
 E eu, tão fervoroso e tão crente,
 Como fui deixar fugir a poesia?