VESTE ALVAS DA AMARGURA
VESTE ALVAS DA AMARGURA
Marcos Bilac
Relíquias da era afastada,
Levando todo renascimento,
Aprisionado em passos falsos,
Na cara ainda interminável.
Veste alvas da amargura,
Que banha a primeira claridade,
Desta nova e única manhã,
Tomando sol aberto da lembrança.
Contemplo na cadeira antiga,
Toda hora procurada em rabisco,
Esperando bater a tua saudade,
Neste andar de pinceis tão atrasados.
Gotas do céu límpido,
Caindo na minha pele,
Usando toda cicatriz jorrada,
Nessa importância de dores.
Penetra o deserto em flores,
Ancorando nada visto em cores,
Explicando mais uma vez,
Que entre lágrimas,
Vimos tanta perda.
Deveras nascidas em ruínas,
Deslizando com lápis e papeis,
Em apenas alguns segundos,
Em perder o dia coberto.
Burguês da própria ansiedade,
Desobedecendo todo caminho borrado,
Querendo somente ter o florescido,
Que merece ser renascido.