Cegueira
Minha mãe, ao se irritar
Por nossas paixões de crianças
Daquelas que consumiam
Nossa atenção e cuidado
Dizia que era cegueira
Pelo objeto adorado
Foi assim com os gibis
TV, amigos e rua
E, claro, com os amores
Que quando se está crescendo
São mesmo dominadores
De tanto ela ralhar
Minha visão melhorou
Não me deixei mais cegar
Por nada que me encantou
Mantenho a cabeça fria
E o coração na chibata
Agindo racionalmente
Nada mais me arrebata
E assim, vivendo na luz
Via o presente e o futuro
Até encontrar você
E me ver, de novo, no escuro
Este texto faz parte do Exercício Criativo - O Dia em que Fiquei Cego
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