Canção da Alvorada
Salomão...
Amor! Abre a porta para o teu amado
Que bate e chama à procura do teu afago
Trago nas vestes o cheiro de flores
Para nos enlaçarmos em infinitos amores
Sulamita...
Ah, amado!... Se soubesses os tesouros que eu daria
Pra enlaçar-me nos teus braços e, ao menos uma vez
Afagar os teus cabelos, aspirar o teu perfume
E amar-te entre as flores... Nem que fosse um só dia
Salomão...
Se soubesses o que trago em minhas mãos
Perfumes suaves valendo mais que tesouros
Em frascos vedados com rótulos de ouro
Abririas a porta para o teu coração
Sulamita...
Amado, não me tentes tanto assim
Bem sabes que te amo e te desejo loucamente
Quem dera, com os perfumes que trazes para mim
Pudesse banhar-me contigo eternamente
Salomão...
Abre a porta! O vento corta o silêncio da noite
Em uivos selvagens, cantando canções
Estrelas e nuvens disputam lugar
Abre a porta! Tenho que entrar
Sulamita...
Ai, eu não posso... Este vento que canta
Corta-me a alma, roubando a canção
Levando às estrelas meus uivos selvagens
E às nuvens os versos do meu coração
Salomão...
Abre a porta que a aurora não tarda a chegar
Amanhecendo o dia quero te amar
As horas avançam numa rapidez sem fim
Quero repousar meu corpo em perfumado jasmim
Sulamita...
Já é dia. O sol brilha sobre nós dois
E a aurora feliz, sorridente se foi
Imploro, amor, não te ausentes de mim
Enfeita minha alma em teu lindo jardim
Salomão...
Flores preciosas eu quero colher
Todas ofertar a Deus e a você
Perfumes suaves eu quero gozar
Juro sulamita! Não deixarei de te amar
Sulamita...
Quando estás longe eu nunca te esqueço
Beijo-te em versos e em louca paixão
Sinto o teu corpo no meu e estremeço
E abro-te as portas do meu coração
Salomão...
Com doces palavras, formosa canção
Alegra minha alma, ó meu coração
O lugar onde estavas não pude pernoitar
Voltei minha amada para te amar
Sulamita...
Beijo-te a nuca, me enrosco em teus pelos
E neles mergulho meus pequenos seios
Que cabem inteiros, amor, em tuas mãos
E sobem às estrelas sorvidos num beijo