êxtase

a luminosidade dos teus olhos...

o sorriso comedido

não é substituído

pelo de uma Monalisa

não é matematicamente perfeito

nem é preciso, pois encanta

meus sonhares e lugares

onde já não adianta

eu planar porque flutuo

em nuvens esvoaçantes

tendo por coadjuvantes

pássaros, gentis batedores

como que de imperadores

protegendo só um súdito

nem que a fuga dos teus olhos

eu consiga, o brilho fica

por muito mais do que o tempo

em que me escondo na intriga

que de mim mesmo criei

num estado em que, nem sei,

me juntei à escravidão

de mim mesmo, que é ficar

só nessa contemplação

da tua imagem, teu sorriso

toda a tua invenção

vou morar no paraíso

vou morrer na tua mão

numa rua onde andam

tuas pernas, teu blusão

de cetim da cor azul

que não existe em nenhum

aconchego surreal

vem um doce vendaval

e depois, e depois, e depois...

Rio, 28/05/2007