Amor
O amor bateu na porta,
a casa estava vazia
e ele se retraiu.
Mas eis que a porta se abriu
e o amor podendo entrar
bem ligeiro se instalou.
Esse amor atrevido
não teve hora pra chegar
nem tem pressa de partir.
Foi chegando de mansinho
e eu me fazendo de bobo,
mas fico bem esquisito.
Ele de mim se apodera,
veio sem ser convidado
e me deixa bem perplexo.
Mesmo que o amor atropele
querendo furar a fila
percebo que não tem jeito.
O amor é como um doce
que antes não fora provado,
quem o provou lambuzou-se.
Com lápis, carvão ou giz
faço registro do amor
e quase me desconcerto.
E se o amor é um tattoo
gravado à ponta de faca
sempre deixa cicatrizes.
Vindo calmo ou turbulento
me rendo incontinenti
às peraltices do amor.
(fevereiro de 2007)