O frio

Nas manhãs de frio,
Víamos o bafejar
Das nossas falas
Condensando-se no ar,
Como se as palavras
Quisessem se materializar.
Então, íamos tomar
O café com leite, da Adelina;
Comer o bolo de fubá
E a broa de milho...
De noitinha, portas fechadas,
Com o vento zunindo,
E o frio tinindo,
O Arthur tomava a azulzinha...
Sempre havia uma fresta
Por onde o vento entrava,
Congelando nossos ossos.
Agora, de madrugada,
Acordo e puxo a coberta –
A janela continua aberta,
Onde estará Adelina?