Lado A Lado
A cama está fria do teu lado
E tenho um sabor de vingança nos lábios,
E não sei porquê.
A minha alma está vazia,
O desespero corroí-me o interior,
E algo está errado.
Da forma como o chão treme,
Os lençóis apertam até sufocar.
E o suspiro é frio do teu lado.
Entranhas decoram o tapete,
O odor é nauseabundo.
Sinto a tua presença.
Um rasto de sangue mancha a calçada,
Sigo o destino até onde ele quiser.
Nasce uma crença.
O rasto acaba, onde estou?
No cemitério por cima de uma campa,
Quem aqui jaz?
Com as unhas desenterro o caixão,
Era o teu corpo, já cadáver,
Que se desfaz.
As lágrimas libertam-se dos meus olhos,
Será que eu te matei e não me recordo?
Que triste fado!
Abro uma cova ao lado da tua,
E assim ficaremos para a eternidade,
Os dois, lado a lado.