Palco vazio
Dá-me teus rijos seios para o beijo,
guarda o pudor atrás do fingimento.
Goza por nós a farsa do momento
nos camarins da arte do desejo.
Despe-te do disfarce e, no ensejo,
faz-me de objeto do cenário.
Deixa guardado, dentro do armário,
os vestígios de mim, como sobejo.
Lê, com vagar, a linhas do diário,
como, nos velhos tempos, eu as lia.
Recita, com voz de atriz, a poesia
como se fosse um mote literário.
Troca o meu beijo doce e solitário,
pelos beijos salgado dos mundanos.
Já borrei teu batom por tantos anos,
que já não caibo mais no calendário.
Bem sabes tu, que quando cerra o pano
no apagar das luzes da ribalta,
se um coração, do outro, sentir falta,
o outro já achou um novo um dono.
O coração amante é um piano,
capaz de se ajustar ao tom da flauta.
Dá-me teus rijos seios para o beijo,
guarda o pudor atrás do fingimento.
Goza por nós a farsa do momento
nos camarins da arte do desejo.
Despe-te do disfarce e, no ensejo,
faz-me de objeto do cenário.
Deixa guardado, dentro do armário,
os vestígios de mim, como sobejo.
Lê, com vagar, a linhas do diário,
como, nos velhos tempos, eu as lia.
Recita, com voz de atriz, a poesia
como se fosse um mote literário.
Troca o meu beijo doce e solitário,
pelos beijos salgado dos mundanos.
Já borrei teu batom por tantos anos,
que já não caibo mais no calendário.
Bem sabes tu, que quando cerra o pano
no apagar das luzes da ribalta,
se um coração, do outro, sentir falta,
o outro já achou um novo um dono.
O coração amante é um piano,
capaz de se ajustar ao tom da flauta.