O que é que ela tem?

Não, eu não gosto de planos, sou das inquietudes

E dos instintos, desvio entre rotinas, perpetuo

Sobrevivo a cada instante eu escorro

Pelas curvas de teu corpo, transbordo

Encontros fazem-me querer ficar

Cansei de esperar só para ver se você volta

Tudo a minha volta é fugaz, sem mais

Não devo te iludir, já amei outras várias

Variáveis de uma só equação que leva a ti

As vezes sou hipérbole de meu âmago

Escondo o que não quero, com raiva

Solto risos frouxos, não me leve a mal

É que é difícil fixar você e ter moral

Negar a submissão é ter atestado de irracional

Desafio constante é não te manter na estante

E mesmo assim respirar o teu ar, falar a tua

Língua, enrubescer teu cenho tão meu

Se não tem certeza do que quer, evite

Procurando desculpas para amar, me evite

Resolveu dar uma pausa na vida, irrite

Querendo jogar comigo, não exite

Lembre-se de não demorar, é que o tempo ruge

E a fera mora ao teu lado, lado de dentro

Voraz e subrrepticiamente você chegou

Tomou conta, nem avisou, invadiu

Fez de mim tua toca, oca, maloca, chamou-me de lar

Quanto aos apelidos não retire, se um dia

Fui vida, hoje na mais sofrida ferida

Hei de ver você voltar, e quando um dia

Por carência ou ironia optar por me amar

Saiba que não tive escolha, hoje morte

Fico de luto que é pra não dar sorte ao azar

Antes de ir deixo meu último suspiro

Ou seria um retiro, prefiro cuspir verdades

A engolir falsidades, afirmo com propriedade

Que nunca outro ser há de te amar, seja com tal

Idolatria, monotonia, sinestesia, disritmia

Desse jeito tão meu que não pude suportar

Choro pois você existe e minha vida nunca

Estará completa, juntos não fico alegre ou triste

Serei eternamente poeta...

Gabriel Amorim 12/06/15