UM SOCO

Aqueles olhos falam

De um silêncio que não escuto.

Nem verdes, nem azuis.

Pálpebras quase fechadas,

A boca semiaberta,

Os olhos, enormes escudos, como me machucam!

Se abres a mão, um tapa.

Se fechas o punho, um soco.

Se me olhasses... um beijo.

Mas braços, mãos, bocas, pernas, nem se roçam.

No dia em que te chamei e não foste,

Na noite em que morri e dançaste,

No quarto em que dormi e gozaste,

Tanto me desesperei sozinho.

Preciso nunca mais te olhar,

Mas não hoje,

Amanhã também não,

Talvez um dia, depois de amanhã.

Edson de Barros
Enviado por Edson de Barros em 08/06/2015
Reeditado em 14/06/2015
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