UM SOCO
Aqueles olhos falam
De um silêncio que não escuto.
Nem verdes, nem azuis.
Pálpebras quase fechadas,
A boca semiaberta,
Os olhos, enormes escudos, como me machucam!
Se abres a mão, um tapa.
Se fechas o punho, um soco.
Se me olhasses... um beijo.
Mas braços, mãos, bocas, pernas, nem se roçam.
No dia em que te chamei e não foste,
Na noite em que morri e dançaste,
No quarto em que dormi e gozaste,
Tanto me desesperei sozinho.
Preciso nunca mais te olhar,
Mas não hoje,
Amanhã também não,
Talvez um dia, depois de amanhã.