VENENO
Veneno
E a cobra com inveja da borboleta
Porque não sabia voar
A resolveu assassinar.
Esta, pousada sobre uma baga de trigo
Esperava que o vento seu Amigo
Chegasse para tirá-la a dançar
Sem jamais poder imaginar
Que o ofídio, viva armadilha
Por não resistir a tudo que brilha
Estava pronto para atacar...
E elas ali, a delicada lepdóptera desatenta
E a peçonhenta violenta...
Então, num repente
Veio o bote da serpente!
Não houve tempo para nada
Foi à traição...
A outra nem esperava
E só sentiu uma asinha ultrapassada
Pelo par de lanças que a picava...
Não houve dor, apenas ficou presa pela asa
Haspada sob a cruz da cabeça da cruzeira
Que, um segundo após a tentativa de "homicidio"
Abriu a boca desesperada
E a Borboletinha livre sobrevôo mais leve ainda
Pela asa perfurada
O corpo da cobra ali deitada no sereno
Consciente da sua morte iminente
Porque ao morder a asa de ser tão pequeno
Acabou despejando na própria boca o seu veneno...