Poemar
Poemar
Qual bicho assombrado assustei-me
Na casa de minha alma uma poesia entrou, invadiu,
Tomou-me, e sem pedir licença
Poemou
Como dizer? Como explicar?
As formas das palavras me degeneram a espontaneidade de sentir
Quase nada escrevo de original se não posso traduzir-me como penso
Sempre falta algo quando expresso os sentimentos com a palavra,
Penso poeta que a natureza se imprime em mim,
Quando se acerca ao meu ouvido e me diz poemas que mal sei traduzir,
Apaixonada que está por mim, diz-me segredos que poucos mortais sabem, ou sentem
Sensações sim, não palavras, carinhosas sim, tentando me transmitir o amor que fazemos,
Cada gemido intenso e cada permissividade que temos
Cada filho que concebemos
Sou imperfeito e impreciso ao descrever esse tão intenso gozo,
Custa-me ver se perder a magia que empresta ao meu olhar, se profiro,
Tê-lo-ão percebido vocês em transcendência o que eu digo?
Por certo que não, não se mede a intensidade do sentido pela extensão da palavra
E não se espantem se um dia eu sumir, consumido pela mistura que somos
A arder em tamanha labareda de paixão, sem sabermos ao certo a extensão, os limites do que somos, laboriosamente misturados, a nos prendermos à mesma prisão
Eu impregnado dela e ela impregnada de mim, ela a consumir-se de mim e eu a me consumir dela
Por isso sem me deter, vivo o belo, incerto porém, de não poder dividir mais precisamente esse universo que eu habito, e que habita em mim