DIVINO ROMANCE DAS ROSAS
Vou falar do amor que há em mim.
Um amor sem intensão de vingar nem de acabar,
basta o que há. Um olhar.
Meu amor não é para ser vivido,
é amor só para sonhar
exaltando, de forma mística, devoções alegóricas.
Meu amor é amor de trovador,
inspiração para cantar
loas líricas, invenções de um amar.
Meu amor não pede passagem nesta vida,
não é amor de chegada nem de partida,
não é amor em carne viva,
não é amor para chorar nem para sangrar.
Meu amor é amor romântico,
amor cortês que o Romance das Rosas tematiza.
Cavalheiros medievais... arte de amar...
Galanteios... amantes que nunca chegaram a se tocar.
Meu amor reverencia o amor personificado de forma fictícia.
É amor sem causa, não espera recompensa, só quer versejar
enaltecendo as virtudes de um ser, tornando-o inatingível.
Assim é a comédia do meu amor que não se concretiza,
de tão divino não nasceu para vingar.
Dante Alighieri também amou sem nunca amar.
A bela Beatriz o guiou do inferno ao paraíso com um único olhar.
Será que ela existiu com todas as virtudes que o poeta fez notar?