Ah meu amor...
Ah, meu amor, eu hoje acordei mais menina
e abri meu livro de poemas e vi o teu vulto
e senti tua imagem e toquei teu colar...
Ah, meu amor, eu hoje acordei mais tua
e senti o vinho branco escorrendo em tua boca
e vi teu corpo se despindo em minha direção.
Ah, meu amor, eu hoje acordei mais mulher
e abri os botões do vestido azul no espelho
e descobri que tua imagem sou eu, e eis que teu soluço
veio me dizer que és ainda todinho e todinho meu.
Ah, meu amor, meu amor, não negues nunca...
Porque sensitivamente eu apaguei a luz...
E na epifania de nossas almas gêmeas, ouvi-te
e vi-te o vulto a adentrar meu quarto
E nos amamos como dois amantes sempiternais.
Meu ser estremece e cambaleia à procura
inerte, quase sem voz, grito teu nome
e vens e me responde como almas telepáticas.
Ah, meu amor, eu hoje dou mil cambalhotas
e encontro-me aqui a chamar-te: ah meu amor!