Lembranças

Eu tão nuvem

você tempestade

eu sol de outono

você calor de verão

eu Lua cheia

você estrelas perdidas

no céu de anil

O riacho circundado de montanhas

a cachoeira que estala nas pedras

o burburinho das folhas

com o beijo do vento

Sou eu

de uma maneira ou de outra

transmutada

em

não-ser

quando na verdade

é o que mais sou.

E lá

onde a curva se perde no infinito

um vulto andarilho

que segue manso

devagar e bonachão

é o amor que tive

por um momento tão meu

mas que não se deteve

na minha leveza

quis as algemas de sempre

os grilhões de toda uma vida

O que se avista

dobrando a curva da estrada

é ele

meu quase-para-sempre

No meu cenário de janelas abertas

cortinas ao vento

flores do campo

e montanhas ao alcance da mão

Era mais que demais

era fantasia amorosa capaz

de persistir

por uma ou mais existências

Preferiu o mar

as planuras

a vastidão do mundo

que possibilita a fuga

Ah,

mundo,vasto mundo

se eu me chamasse....

Mas o seu nome?

Sei não!Às vezes rima com solidão

outras,

esplendor

fogos de artifício

explosão de carícias....

Eu

tão minudências do dia

do hoje

da hora

do alcance da mão e do olhar...

Ele

cigano

sem dono

insano

mas tão humano

em sua imperfeição

eu

um mosaico

de sutilezas

que à primeira vista

é tão óbvia

mas que só se revela

àquele olhar

que é dele.

eu

Você

Somos par

ou ímpar?

amarilia
Enviado por amarilia em 22/05/2015
Reeditado em 15/05/2024
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