Lembranças
Eu tão nuvem
você tempestade
eu sol de outono
você calor de verão
eu Lua cheia
você estrelas perdidas
no céu de anil
O riacho circundado de montanhas
a cachoeira que estala nas pedras
o burburinho das folhas
com o beijo do vento
Sou eu
de uma maneira ou de outra
transmutada
em
não-ser
quando na verdade
é o que mais sou.
E lá
onde a curva se perde no infinito
um vulto andarilho
que segue manso
devagar e bonachão
é o amor que tive
por um momento tão meu
mas que não se deteve
na minha leveza
quis as algemas de sempre
os grilhões de toda uma vida
O que se avista
dobrando a curva da estrada
é ele
meu quase-para-sempre
No meu cenário de janelas abertas
cortinas ao vento
flores do campo
e montanhas ao alcance da mão
Era mais que demais
era fantasia amorosa capaz
de persistir
por uma ou mais existências
Preferiu o mar
as planuras
a vastidão do mundo
que possibilita a fuga
Ah,
mundo,vasto mundo
se eu me chamasse....
Mas o seu nome?
Sei não!Às vezes rima com solidão
outras,
esplendor
fogos de artifício
explosão de carícias....
Eu
tão minudências do dia
do hoje
da hora
do alcance da mão e do olhar...
Ele
cigano
sem dono
insano
mas tão humano
em sua imperfeição
eu
um mosaico
de sutilezas
que à primeira vista
é tão óbvia
mas que só se revela
àquele olhar
que é dele.
eu
Você
Somos par
ou ímpar?