Náufrago


Mesmo que rasguem minhas cartas, para vagar sem rumo,
Que me tirem a bússola, para que nem mesmo tenha o norte,
Que desfaçam amarras e, sem lastro, me deixem sem prumo,
Que quebrem o leme, deixado ao léu, entregue à própria sorte.

Mesmo que destruída a gávea, decepados mastros e vergas,
Cordames ceifados, velas rasgadas, cortado o cabo de poita,
Exangue, despojado de tudo, sem mesmo o abrigo de enxergas,
Curtido ao sol e sal, corpo lanhado por tempestade que açoita.

Mesmo que vague por paragens perdidas, por mares bravios,
Náufrago por décadas, delirante, assim mesmo te asseguro,
Voltarei à enseada de teus braços, onde, mesmo que tardio,
A nau de minh´alma repousará na paz de teu porto seguro.


 
LHMignone
Enviado por LHMignone em 21/09/2005
Reeditado em 19/10/2013
Código do texto: T52502
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