Garimpando


Por muitas vezes em sua vida, correndo mundo,
A garimpar o amor perfeito em riachos e corredeiras,
Julgou tê-lo encontrado, sentiu-se rico por segundos,
E, logo após, desolado, viu que era da vida brincadeira.

A revirar os seixos e calhaus de cada lida maldita,
Com a bateia de seus sonhos tateante no cascalho,
Por entre risos constatou – ouro de trouxa – era pirita,
Que lhe ofuscou a vista e outra vez o fez de paspalho.

Desesperado, roto, na ânsia infinita de encontrá-lo,
Recorreu a todos os recursos escusos, até ao mercúrio,
Enquanto assistia sua própria vida se escoando pelo ralo,
Junto com águas do rio que se esvaiam em murmúrio.

Enfim, em noite a batear, encontra a mais bela pepita,
Refletida no espelho de águas plácidas, solene, brilhante
Onde se lança, em seus delírios de exangue eremita,
Acolhido por fim nos braços e na paz de uma estrela distante.
LHMignone
Enviado por LHMignone em 21/09/2005
Reeditado em 11/10/2013
Código do texto: T52485
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