GOLPE FATAL

Trago um grito encalacrado em minha garganta

que ensaia manifestarem-se nos

moldes de um ultimato por não mais

suportar as lágrimas que minha alma chora.

O choro em forma de clamor ultrapassava seu limite

estendendo-se até o infinito e ali, sem obter nenhum

óbolo sequer, meus pensamentos caminhavam como

uma serpente que se perdia quando a procura de um novo horizonte.

Ainda assim mobilizei todas as minhas

forças e consegui levantar-me mesmo com

os pesados e torturantes empecilhos que

como rio, desaguava suas águas em meu intento.

Quis me refazer quando contemplei o sol, mas

ele se escondeu como a lua e suas estrelas que

deixaram de enfeitar o céu, e do mesmo jeito como

os pirilampos deixaram de clarear as noites.

Então a cada segundo fui me distanciando

do mundo e mesmo atônito, não pude deixar de

ouvir minha própria serenata que produzia

sonoros lamentos assustando até o silêncio da rua.

Assim o tempo indiferente e de uma forma

preguiçosa não quis se envolver em meus

momentos que permaneceram presos em seu acaso,

do mesmo jeito que um fecho de capim seco

permanece inerte sob o jugo do vento.

18-05-2015

Wil
Enviado por Wil em 18/05/2015
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