Almas de outono
Da alma, que a alma seja a estação
do espírito de outras almas,
as outras que ainda trazem consigo o fogo dos verões,
donos sem patrões, homens da vida, comuns, só homens,
como as folhas dos outonos...
Antes de invernar meus amores, sinto dores, solto gritos.
Tudo passa diante das estações e nenhuma delas será sempre a primavera
e se as flores nascem e perfumam, morrem e reverberam o amor
de flores novas que nascem com os poemas protegidos do frio.
Estou perto do Sol, sinto sede e saudade de um amor ficado
do outro lado do mar, quase em um “sem lugar”
quase na distância de um desabrigo.
Ébria, a consciência me deixa esquecer de todo o pranto
e sem espanto, sobrevoo o mundo caçando estações,
comendo ostras e pães e fabricando cascas.
Minha alma viverá em novo abrigo, qualquer casulo perdido, em qualquer canto.
Meu canto é estacional e santo, possui lindas estradas
e por isso é a alma da alma de todos os meus encantos.