DESTINO de ATEU

Desde o dia em que te vi,

vivi a loucura e não voltei,

como só os astronautas

que vão morrer em Atlântida.

Tua voz de pássaro descrevendo

ouro num buraco da lua,

teu cheiro de navio pirata naufragado

para servir às orgias das sereias,

teus músculos de amante selvagem

surgida das espumas do mar,

me levaram ao puro delírio

dos desembarcados na terra encantada.

Te saber inalcançável inspira

o descobrimento de novas Américas

ir é o meu destino de ateu

no deserto que serve de prisão aos anjos rebeldes

chamando o desterro e seus seguidores,

os deuses vieram a pé, de ônibus, de caminhão,

vieram reis banidos de todas as terras

guiados pelos sequestradores sem crença ou ideologia

A mulher de negro dá de comer

aos raios no alto da torre,

enigmas fazem das instituições

disfarces do caos,

atiro moedas e batatas da janela

sangrando o vício dos miseráveis

Ando nu no bosque que tem

sempre a mesma árvore

ansiando a noite apenas por ser noite

vendo teus cabelos sumirem em cada curva.

Entro em ti quando mergulho no lago

e saio das águas com os braços vazios

do teu corpo de Fêmea do Poente