TRAGA

Abandone o passado;

Abandone o apartamento;

Abandone o álbum de fotografias;

Abandone aquela cama que rangeu noites;

Abandone as louças e seus jantares;

Abandone a poltrona e até os filmes de Brunel e Almodóvar;

Abandone com tristeza Vinícius e Drummond;

(deixe os livros contarem outras histórias para outros corpos)

Abandone aquela janela que te viu passar pela primeira vez

na calçada do outro lado da rua...

Abandone tudo o que os homens te deram;

(jóias e bibelôs que em paixão se desfizeram).

Abandone todos os carnavais que teu corpo testemunhou.

Lamento não poderes abandonar a memória...

Mas... abandone, abandone o que puderes,

Tudo o que for possível deixar!

Entretanto, traga pra mim:

Este teu corpo e o violão;

O teu sorriso e o computador;

(formatado!)

Teus lábios molhados e a canção

Que em teus seios hão de sorver amor.

E a esperança!

ALEX GUIMA
Enviado por ALEX GUIMA em 12/06/2007
Reeditado em 12/06/2007
Código do texto: T523535