FLOR MORENA
Sei que a saudade também dói-te,
Doce Anjo de asas azuis.
Sei que ela macula-te a derme
Com o barro do qual fui feito
E que tu moldaste com maestria,
Em nossas loucas noites
De buscas mútuas pela intimidade
De nossos lábios insones.
Sei que esta saudade que me acossa
Faz eco dentro de tua alma,
Posto que tu, Flor Morena,
Já não dispões do teu toque em mim,
Lacerando a minha pele amada.
Sei que o vaso em que me tornaste
Seria o teu melhor envólucro,
Teu embrulho por excelência,
Teu exílio repleto de aconchego.
... Sei, entanto e também,
Que nas nossas viagens solitárias
Nos pegamos desusados e aflitos:
Eu, louco vaso perdido e vazio
E tu, Flor Morena de raízes desesperadas.