As palavras que não foram ditas
Vagam soltas, jogadas nas sarjetas
Na boca dos bêbados implorando gorjetas
Ignoradas como se não fizessem sentido
Soam profanas, mencionando algo proibido.
Perderam o bonde da história
Somem lentamente da memória
Em breve serão vaga lembrança
Par desconhecido de uma indelével dança.
Podiam ter mudado o mundo e viraram nada
Agora são nômades perdidas ao longo da estrada
Sem destino, sem lar, sem estação, sem paradeiro
Escritas de qualquer forma em paredes de banheiro.
Não puderam explicar o mal entendido dos amantes
Permitiram que fossem maximizados motivos irrelevantes
Romperam o uno e colocaram as metades distantes
Quebraram em mil pedaços os corações infantes.
Rastejam implorando uma nova chance
Dizem saber como resgatar o romance
Só querem uma oportunidade de serem proferidas
Saírem do limbo e recuperarem duas solitárias vidas.
Precisam romper o silêncio, gritar esse amor ao vento
Escaparem do inacessível mundo do pensamento
Tornarem concreto o que não suportam mais calar
Essa dor infinita de não poderem amar.
Deixa eu te ver, dizer olhando para ti o que sinto
Ajude-me a fugir desse torturante labirinto
Sem você não há vida, nada faz sentido
Morro lentamente completamente esquecido.