As palavras que não foram ditas

Vagam soltas, jogadas nas sarjetas

Na boca dos bêbados implorando gorjetas

Ignoradas como se não fizessem sentido

Soam profanas, mencionando algo proibido.

Perderam o bonde da história

Somem lentamente da memória

Em breve serão vaga lembrança

Par desconhecido de uma indelével dança.

Podiam ter mudado o mundo e viraram nada

Agora são nômades perdidas ao longo da estrada

Sem destino, sem lar, sem estação, sem paradeiro

Escritas de qualquer forma em paredes de banheiro.

Não puderam explicar o mal entendido dos amantes

Permitiram que fossem maximizados motivos irrelevantes

Romperam o uno e colocaram as metades distantes

Quebraram em mil pedaços os corações infantes.

Rastejam implorando uma nova chance

Dizem saber como resgatar o romance

Só querem uma oportunidade de serem proferidas

Saírem do limbo e recuperarem duas solitárias vidas.

Precisam romper o silêncio, gritar esse amor ao vento

Escaparem do inacessível mundo do pensamento

Tornarem concreto o que não suportam mais calar

Essa dor infinita de não poderem amar.

Deixa eu te ver, dizer olhando para ti o que sinto

Ajude-me a fugir desse torturante labirinto

Sem você não há vida, nada faz sentido

Morro lentamente completamente esquecido.

Ello
Enviado por Ello em 02/05/2015
Código do texto: T5228191
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