Na Morada
Mulher
rosa sem espinhos
no solitário do meu coração.
Em cada quarto de lua
pões estrelas na janela
e aromas nas cobertas
e te refazes, de fase em fase,
em cada primavera tua
quando refloresces
e divinamente sangras
o ciclo lunar que em ti gravita.
Mesmo sendo impar, entre tantas,
és meu número par,
a prenunciada e consagrada
no oráculo das noites.
A que percorre o calendário
com pés de pétalas
e elabora os alimentos
com mãos abençoadas.
A que estende céu sobre os lençóis
e se dispõe em cruz - braços abertos -
para o rito do amor que me absolve.
Cúmplice minha de nostálgicos ocasos
e auroras promissoras
na existência dividida.
A que ri com meu sorriso
e com beijos me consola.
Glória e graça alcançada.
Minha sempre namorada
na morada.