Perfume
Nunca mais hei de arrancar,
Displicentemente, uma rosa para te dar.
Uma festa nos seus olhos a provocar,
Ferindo a flor que chora ao leite derramar.
Lágrimas de flor,
Para embalar a candura do amor,
Subtraindo a beleza da roseira,
No buquê que decora o vaso do resto da vida inteira.
Assisto tristonho a pétala murchar,
Antes atrás da sua orelha entre os cabelos a enfeitar.
Perdendo o aroma ficando escurecidas,
As rega feliz, desconhecendo a dor da beleza envelhecida.
Não ousarei despetalar-te por uma curiosidade qualquer,
Ainda que me pergunte bem me quer ou mal me quer.
O receio ao ineditismo meu peito aperta,
Não jogarei ao chão a sutil beleza de uma pétala.
Você me olha a acalentar,
Uma chuva fina me faz abraçar.
Iluminam o quintal meia dúzia de vaga- lumes,
As rosas renascem em ti quando sinto teu perfume.