Perfume

Nunca mais hei de arrancar,

Displicentemente, uma rosa para te dar.

Uma festa nos seus olhos a provocar,

Ferindo a flor que chora ao leite derramar.

Lágrimas de flor,

Para embalar a candura do amor,

Subtraindo a beleza da roseira,

No buquê que decora o vaso do resto da vida inteira.

Assisto tristonho a pétala murchar,

Antes atrás da sua orelha entre os cabelos a enfeitar.

Perdendo o aroma ficando escurecidas,

As rega feliz, desconhecendo a dor da beleza envelhecida.

Não ousarei despetalar-te por uma curiosidade qualquer,

Ainda que me pergunte bem me quer ou mal me quer.

O receio ao ineditismo meu peito aperta,

Não jogarei ao chão a sutil beleza de uma pétala.

Você me olha a acalentar,

Uma chuva fina me faz abraçar.

Iluminam o quintal meia dúzia de vaga- lumes,

As rosas renascem em ti quando sinto teu perfume.

Edilson Alencar
Enviado por Edilson Alencar em 29/04/2015
Código do texto: T5224348
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