Seria cantiga de amor?
Se pudesse, do meu peito, arrancar
Essa raiz que agora se encrava
Já tinha jogado fora, ou na privada
Todo acúmulo que não me cabe guardar.
Para quê serve todo esse nervosismo primeiro
Se não posso usar integralmente?
Nem ao menos sentir em doses quentes
Essa cantiga de amor, transformada em nevoeiro.
São meras confidências silenciosas
Que se comprazem no impossível
Nunca vi algo tão verossímil
Que essa vontade tão talentosa.
Jogo num quarto escuro
Todo esse jogo, esse absurdo
Que não me cabe sequer mentir
São danças de emoções atoladas
Que se envolvem no fantástico
Sem esconder ou fingir.
Cruzei com um destino dolorido
Nada está nas estradas, é um enigma
Contém o que não vejo de verdade
Atalhos que seduzem são leves correntes
Que amarram loucos muito carentes
Que esquecem até da sanidade.