Paixão
Vai-se o ar, ficam os pulmões
Os batimentos que aceleram em velocidade da luz
Os suspiros sonhadores admiram o céu azul
E, quando se vê, o olhar desvia-se...
Apaixonar-se é arte
Artimanha do coração
É manha, aperto e comichão
Coisa que toma forma nos impossíveis amores
Fórmula de intensos ardores
E sobrecarrega o peito
Em sentimento pitoresco.
Externa-se no bilhete esperançoso
No admirador secreto
Sorriso no rosto
Um "se", um "quase"
Um encontro corpo-a-corpo
Muito perto um do outro
Choque de peles em amorosa eletricidade
Pelos eretos.
Então, bobamente
Idealiza-se a amada
A compara à alvorada
Ao mais brilhante diamante
Aos pensamentos mais distantes
Arrebatamento que se expande
Ai, ai, que súbito romance!
Ufa...
É...
A paixão é muitas vezes penosa
Uma desilusão amorosa
Em fixação venenosa
Certamente!
Mas, ironicamente
É sensação gostosa!
Arrisco ainda a escrever
Que a paixão é queda
Transforma-nos em pedra
A frente daquela pessoa
Mas como é delicioso cair e recair
Sobre o semblante da musa
Que sonho que é
Congelar-se diante da bela medusa.