POEMA ANTIGO... COMO EU... em tempos de lirismo pleno, apesar de coração já ferido precocemente...


                             ASA INTERDITADA 
                                          REPUBLICAÇÃO
                     



Entre os dedos entrelaço
esta saudade do amor
flor partida há tanto tempo
que já nem mesmo recordo
seu odor e sortilégio.

Percorro o hoje em exílio
entre o furor do mundo
e as artimanhas do medo.
Brilhos me escapam.

No meu sonho
a dor é esfinge atenta
e o coração, marinheiro
lúcido e alheio
ao leme do barco.

Outras terras outros mares
me acenam em segredo
e o desejo flui
pelas artérias e veias

mas o rouxinol oculto
por trás das grades do peito
não ousa
romper os véus do seu canto.

                       ***

Amor, asa interditada,
retrai os céus do seu voo
nas entranhas desta hora
feita de recolhimento
flor às avessas.

Porém, na raiz profunda
da canção da primavera,
e com as mãos doloridas
de luz e sombra

vai aprendendo o ofício
de tecer a esperança
e a luz de um mais claro dia.




               BOM DIA, AMIGOS.