NO PIANO

A música que o piano toca

me põe dengoso na poltrona.

Fico tão leve, absorto, absurdo

que finjo fugir de mim em você.

O piano é a arma que me define

meus dentes cravados te devoram.

Você é a caça que persigo, a dor

que levo nos ombros arqueados.

Ao fim do instante que te ofereço

a música que o piano toca, destoa;

o piano cala-se, fica mudo na sala

a porta abre-se, você entra solta.

Você suspira e cerra os olhos

enquanto o piano vive e tem coração.

Eu espero como se fosse eterno

o movimento das teclas nuas e frias.

Somos nós ainda, quase abraçados

desejando a crua emoção do toque.

Eu espero como se fosse eterno

e finjo fugir de mim em você!...

NivaldoRibeiro
Enviado por NivaldoRibeiro em 15/04/2015
Reeditado em 16/04/2015
Código do texto: T5208299
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