Dupla cena

Cá estou tentando ler em Libras,

A vida que “fala” em meio às brumas;

Ora a sina dura de quebrar às pedras,

Outra, essa ternura de amaciar plumas...

Noutras palavras, ambíguo me faço,

Como se um de noite, outro, de dia;

Onde arbitra a mera força do braço,

Que antes deu asas ao voo da poesia...

Às vezes me perco nesse fado, chinelo,

Digo, uma faceta se mete na alheia;

A ternura, metida faz errar o martelo,

E o rústico atrapalha o fluir da terna veia...

Contra os ventos não sendo caravela,

Eis uma jornada que mui lenta medra;

Pois, meus dois eus são todinhos dela,

Duma musa que conheci quebrando pedra...