PESADELO?

Vão para as ruas de caras pintadas, todos paramentados. Domingos e feriados, protestos viraram encontros de falsos revoltados.

Eventos que geram assuntos nas redes sociais, consequentemente viram posts, disputas de views e curtidas, campeonatos de selfies. Promovem apenas a desordem mental na própria população local. Deixam por onde passam sujeira auditiva e visual.

É uma nação sem bandeira, nem brasão. Muitas cores, muitas cores, devíamos todos vestir luto ir à luta, resta-me a duvida: Será o povo lutando por uma causa, defendendo nosso futuro, nossa moral ou será apenas uma extensão do carnaval?

Não estamos sabendo dialogar com quem pode resolver e quem resolve não leva á sério nossos protestos, pensam serem passeios dominicais, coletivos, caprichosamente combinados com antecedência num mundo em que todos se falam e poucos se conhecem. É o povo agindo como crianças que fazem birras, tapam os ouvidos, cantando Lá lá lá, viram as costas enquanto a mãe, desorientada por natureza, fala. Fazem balburdia, agridem uns aos outros, erram o alvo, não sabemos ouvir, para contestar e tudo vira panelaço.

Essa noite eu dormi profundo, tive um pesadelo daqueles de tirar o fôlego por segundos quando despertamos num pulo, sonhei:

Que abria a torneira e só saia cheiro de chuva. Via o copo meio cheio, mas estava mesmo vazio, não pude lavar o rosto para acordar para a realidade. A morte tinha um cardápio enorme, repleto de opções e mensageiros que cutucam deixando seu veneno, fazendo roleta russa, em dez sim e um não. E em meio às opções éramos nós as marionetes, responsáveis pela entrega que aduba a terra que regamos com choro. uns protagonizam a vida e outros aumentam à coleção da infame, a quem não podemos desmerecer a função, pois um dia inevitavelmente, faremos parte da encomenda e teremos que dar as mãos, pode levar minha matéria só desejo que minha alma tenha um destino diferenciado. Queria morrer de ignorância, ignorar que falta água, saúde, paz, pão, educação, amor e união.

Ah teve muito mais nesse sonho, entregávamos nosso talento, era de goleada, mas, sem saber se foi à base de troca, nos conformamos.

Demos uma segunda chance porque a memória é fraca, somos traídos por que a carne também é! Passamos a mão com luvas macias em tudo e esquecemo-nos de tirá-las na hora de esbofetear e damos tapas com luvas de pelica. Damos direito á replicas e nos calamos quando devíamos falar.

Explica-me, onde vamos parar? Nossa fama nada homérica ao atravessar o oceano, nossas mulheres são apreciadas pelas costas, Pensam que todas possuem código de barra, querem corromper nossa sexualidade deixando mensagem, ora oculta, ora explicita de que tudo é “normal”. A musicalidade avessa roubando nossa infância, onde antes éramos acalentados com cantigas de “Upa neguinho começando andar”, brincávamos de bonecas, carrinho de rolemã, hoje nossos meninos dão um jet na cidade, portando a malandragem no olhar, melodicamente, espalhando em alto e mal som a pornografia cantada em versos, no carro do playboy, seu cliente mais fiel. “Agora uma infância moldada, conectada, cibernética, nossas pequenas rebolam numa sensualidade precoce e “paitrocinadas”, um salientes “ pararáratimbum”.

Sonhei que não havia mais censura, e tudo quanto era lícito ou ilícito a todos convinham e todos consumiam sem moderação.

E quando finalmente eu acordei e abri a torneira, só saiu cheiro de esgoto, não sei ao certo de onde vinha esse futum, só sei que era a horário politico na televisão.

Consegui coletar água potável á preço de ouro e como estou na luta por economia:

Com pouco fico de cara lavada e os responsáveis pela ordem e progresso, com muito também, lavam ás mãos, uns dos outros.

Anna Lima
Enviado por Anna Lima em 13/04/2015
Código do texto: T5205656
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.