Recordo-te misturada
Recordo-te misturada
com a tinta fresca do último navio,
traída pelas ondas instáveis do Atlântico.
Longa como a luz branca
do farol invisível.
Breve, mas intensa,
como a maré redonda.
Íamos contra o vento
e contra a vontade,
a querer conservar entre os dois
o ardor que, na viagem, nos fugia.
Demorámos pouco tempo um no outro.
O pouco tempo que tínhamos um no outro.
Mas ficaste-me nesta memória irrefragável.