Recordo-te misturada

Recordo-te misturada

com a tinta fresca do último navio,

traída pelas ondas instáveis do Atlântico.

Longa como a luz branca

do farol invisível.

Breve, mas intensa,

como a maré redonda.

Íamos contra o vento

e contra a vontade,

a querer conservar entre os dois

o ardor que, na viagem, nos fugia.

Demorámos pouco tempo um no outro.

O pouco tempo que tínhamos um no outro.

Mas ficaste-me nesta memória irrefragável.

Nan Ferdinan
Enviado por Nan Ferdinan em 07/04/2015
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