DOCE E PROFANO

Tu que viestes a embalar – me o sono,

E entre as nuvens do desejo insano,

Orvalhou de luz meu desencanto.

Tu que rasgastes o véu do desengano

E cobriu meu corpo por inteiro

Prenunciando sublimado mensageiro.

Escondestes de mim tuas bravatas,

Na escuridão estonteante vi cascatas,

Ao som de convulsivo desespero.

Cobristes meus lábios com beijo certeiro

Desnudo fizestes do corpo travesseiro,

A proteger – me em gesto altaneiro.

Com intenso amor aqueceu-me silente

Em profano gesto fostes meu alento,

A elevar-me ao céu do esquecimento.

Nesta presença nua fez voltar-me a vida

Ausente o medo em estonteante cura,

Das agruras da noite me fiz aquecida.

Revestiu – me o corpo com o calor da carne,

Depôs em meu ventre esta presença nua,

Em tranqüilo sono proclamou – me tua...

CRS 09.06.07