A Bastilha

Chove aos montes sobre o cupido

Da praça da Bastilha

Andamos sob um céu de giz

Perfurado por milhões de agulhas

Chove aos montes sobre o cupido

As nuvens pesadas cor de lona

Jorram água por Paris

Pro anjo nu sobre a coluna

Ao horizonte de nossas janelas

Nada mais se move, nada mais se vive

Como Paris parece diferente

Diluída em água de chuva

No horizonte do céu derrotado

O anjo gotejante se lava

Gostaríamos de amar para sempre

Debaixo da chuva que nunca acaba

Chove ainda sobre o cupido

Da praça da Bastilha

Tomamos chá todo meio-dia

Desses domingos de camomila

Pois chove aos montes sobre o cupido

Quem diria que esse pouco d'água

Faria a gente fugir de Paris

Deixando o cupido só lá no alto

Acompanhado de um céu de giz

Ao horizonte de nossas janelas

Nada mais se move, nada mais se vive

Como Paris parece diferente

Diluída em água de chuva

No horizonte do céu derrotado

O anjo gotejante se lava

Gostaríamos de amar para sempre

Debaixo da chuva que nunca acaba

Chove todo dia sobre o cupido

Da praça da Bastilha

Nos deitamos antes da madrugada

No lençol quente que se espalha

Chove para sempre sobre o cupido

Saímos dos jantares de família

O anjo gotejante, à noite

Abre suas asas sobre a Bastilha.

{Tradução livre e releitura do poema "La Bastille" de Alex Beaupain}

Ingrid Flores
Enviado por Ingrid Flores em 04/04/2015
Código do texto: T5194543
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